sexta-feira, 2 de abril de 2010


"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca. Porque metade de mim é o que eu grito mas a outra metade é silêncio. Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza, que o homem que eu amo seja pra sempre amado mesmo que distante. Porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade. Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimentos. Porque metade de mim é o que ouço mas a outra metade é o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço, que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada. Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão. Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesma se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância. Por que metade de mim é a lembrança do que fui mas a outra metade eu não sei. Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito e que o teu silêncio me fale cada vez mais. Porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer. Porque metade de mim é a platéia a outra metade é a canção. E que a minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e a outra metade também."

(Desconheço o autor)

6 comentários:

  1. você que responde, já que a platéia é uma metade sua.

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  2. Tipo, eu entendi do texto, que metade de mim, não pessoas que ficam guardadas no meu coração, é platéia. Mas se for esse o real sentido, o que você entendeu, você é sim um pedaço de mim. s2

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